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Jun 24 2013

Ouvindo Filmes

Ouvindo Filmes é um blog que aborda análises e temas sobre a trilha musical no cinema, auxiliando uma melhor apreciação e compreensão dos filmes. Para ilustrar um pouco do que o leitor pode encontrar nesse novo espaço dedicado ao som cinematográfico, segue a réplica de um post sobre a técnica Mickey-Mousing:

“No final da década de 1920, o cinema passou por uma de suas transformações mais importantes: a introdução do som sincronizado. Como toda novidade que se preza, esta foi explorada ao máximo, visando surpreender os espectadores da época. Um dos grandes trunfos da Disney, nos primórdios da animação industrial, foi justamente seu pioneirismo no uso de cenas cujo atrativo era a música e os efeitos sonoros sincronizados à imagem.

Provavelmente pelo encanto da novidade, os animadores, cineastas e compositores desta época passaram, muitas vezes, a utilizar a música de uma forma que ela estivesse sincronizada à imagem em seus mínimos detalhes. No fim, era como se a música atuasse realizando também os efeitos sonoros da ação. Veja no vídeo a seguir trechos dos primeiros desenhos animados de Mickey Mouse e note como música e imagem andam sempre juntas. Nos passos de Minnie, por exemplo, isso acontece literalmente.

Esta técnica de compor a música de um filme fazendo com que ela acompanhe cada pequena ação na tela, em uma espécie de “sonoplastia musical”, acabou ganhando o apelido de mickey-mousing, devido a estes desenhos precursores. No mundo da animação este estilo criou uma certa tradição, talvez pelo seu efeito lúdico e fantasioso, que é interessante aos desenhos animados. As pancadas que os cartuns costumam receber sem grandes danos, em geral combinam melhor com um som de pratos do que com um som de ossos quebrando ou algo do gênero; além disso, em uma animação todos os sons precisam ser criados artificialmente, e a música acaba dando mais colorido aos movimentos das personagens. Talvez devido a estas funcionalidades, o mickey-mousing tenha sobrevivido no mundo da animação, mesmo após o som sincronizado ter deixado de ser uma novidade. Veja no vídeo a seguir alguns exemplos do uso desta técnica: Episódios das séries para a TV Pernalonga (“Rabbit Every Monday”, 1951) e Tom & Jerry (“Cue ball cat”, 1951); e um trecho de “Ratatouille” (2007), que demonstra um pouco de seu uso na atualidade.

Nos filmes com atores reais, a história foi um pouco diferente. O uso de mickey-mousing sempre foi um pouco menos intenso do que nas animações e ele passou a ser considerado, através dos tempos, redundante à imagem, exagerado e… bem, cafona. Atualmente, sua utilização é bem mais moderada, restringindo-se, em geral, a trechos de filmes de aventura ou de efeito cômico. Veja no vídeo a seguir uma sequência de mickey-mousing através dos anos: Primeiro, “King Kong” (1933), com música de Max Steiner; depois, “Disque Butterfield 8” (“Butterfield 8”, 1960), com música de Bronislau Kaper; “A primeira noite de um homem” (“The Graduate”, 1967), música de Simon & Garfunkel; e, por fim, “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal” (“Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull”, 2008), com música de John Williams.”

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2 Responses to “Ouvindo Filmes”

  • Carlos Henrique Silveira Says:

    Muito bacana a idéa e o formato do post !
    So para complementar: nos EUA, no final de 1900 e na década de 1910, até ali para 1914/15, ja existia uma pratica de “acompanhar” a imagem, ou “tocar a imagem”. Essa pratica consistia em literalmente tocar tudo na imagem (e acompanhar com sons também todos os elementos), trocar ambiancias entre planos, sem continuaçao ou transiçao musical… foram os primordios do mickey-mousing… provavelmente ja existia antes, mas nao tenho informaçoes para confirmar…

    O engraçado é que essa pratica ja era condenada pela critica e pala a imprensa desde 1913 ! O mickey-mousing ja era cafona bemmm antes…

    O interessante das praticas musicais do final dos anos 1920, e anos 1930, e pelo o cinéma classico hollywoodiano, é que elas ja eram populares bem antes, e foram so “repaginadas” ou cristalizadas pelo exercicio “mais pratico” do som no filme, sem acompanhamento “ao vivo”.

    Abraços

    continuem com os posts !

    Carlos Henrique Silveira

  • Artesãos do Som Says:

    Obrigado por acrescentar informações Carlos!
    grande abraço

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